sexta-feira, 23 de março de 2012

Blended Learning redefine ensino a distância nos EUA

Vamos trazer essas ideas para o Brasil?? Pois algumas ações já estão sendo realizadas... mas o que acredito, na minha opinião que está faltando é mais comprometimento dos professores/tutores, mas também mais dedicação por parte dos alunos... chega de receberem tudo pronto... vamos pesquisar... estudar, sanar dúvidas, aproveitar os professores para crescer sempre mais profissionalmente... buscando sempre uma maior autonomia!!


Alunos completam disciplinas mais rápido e a custo menor; críticos acham que sistema é menos rigoroso e mais vulnerável a trapaça.

Harvard e Universidade de São Paulo não vão desaparecer tão cedo. Mas uma série de empresas online estão tornando um diploma universitário mais barato, mais rápido e suficientemente flexível para levar a experiência de trabalho em consideração. Como a Wikipedia derrubou a indústria da enciclopédia e o iTunes mudou o mercado da música, esses negócios têm o potencial de mudar a educação superior.
Ryan Yoder, de 35 anos, programador de computadores que completou 72 créditos na Universidade do Sul da Florida há alguns anos, inscreveu-se em uma companhia chamada Straighterline, pagou US$ 216 para fazer duas aulas, uma em contabilidade e outra em comunicação de negócios, e um mês depois transferiu seus créditos para a Thomas Edison State College em Nova Jersey, que lhe concedeu um diploma de graduação em junho.
O paramédico e capitão de bombeiros Alan Long, de 34 anos, utilizou outra nova instituição, a Learning Counts, para criar um portfólio que incluía seus certificados e uma narrativa descrevendo o que ele havia aprendido no trabalho. Ele pagou US$ 750 para a Learning Counts e conseguiu sete créditos na universidade Ottawa, no Kansas, na qual teria que pagar US$ 2.800 para ganhá-los em uma classe tradicional.
E Erin Larson, que tem quatro filhos e trabalha em período integral em uma estação de televisão, mas queria tornar-se professora, pagou US$ 3.000 por semestre para a universidade Western Governors para ter o máximo de aulas que ela pudesse aguentar – mais uma ligação semanal de um orientador. “Em qualquer outro lugar, isso teria me custado três braços e pernas”, disse Larson, que tem 40 anos, “e como uma procrastinadora assumida, achei aquela ligação semanal muito útil”.
Para aqueles que têm tempo e dinheiro, os quatro anos no campus e na residência do campus ainda oferecem o que é largamente considerado a melhor experiência educacional. Críticos se preocupam que os cursos online são menos rigorosos e mais vulneráveis a trapaças e que sua ênfase em fornecer créditos para trabalhos específicos poderia minar a tradicional missão de estimular o pensamento crítico.
Mas a maioria dos especialistas concorda que devido à explosão de tecnologias, cortes no orçamento das universidades e à expansão do universo de pessoas que são esperadas a ter um diploma de terceiro grau, não há fim à vista para os novos programas que preparam estudantes para carreiras de alta demanda de profissionais, como negócios, ciências da computação, saúde e justiça criminal.
Chelter E. Finn Jr, pesquisador sênior da Instituição Hoover e presidente do Instituto Thomas B. Fordham, previu que todas as universidades, menos as de maior nível, iriam “mudar drasticamente”, já que os estudantes ganharam novamente o poder em um mercado em expansão.
“No lugar de uma admissão completa de quatro anos em uma universidade, será mais como ir comer ou ir ao bar de tapas”, disse Finn, “com pessoas reunindo estudos superiores de diferentes fontes”.
Enquanto muitos estudantes de instituições nascentes oferecem depoimentos brilhantes e histórias de sucesso, um estudo recente da Teachers College, da Universidade Columbia, que pesquisou 51 mil universitários de faculdades comunitárias do estado de Washington durante cinco anos e descobriu que aqueles com o maior número de créditos provenientes de cursos online eram os que estavam menos propensos a graduar ou transferir-se para uma instituição com curso de quatro anos de duração. Professores tradicionais como Johann Neem, historiador da Universidade de Western Washington, veem lugares como a Western Governors como anti-intelectuais, observando que a publicidade enfatiza o quão rápido os alunos podem ganhar créditos e não sobre o quanto eles vão aprender.
“Fazer aulas online, por você mesmo, não é o mesmo que estar em uma classe de aula com um professor que pode responder para você, apresentar diferentes pontos de vista e incentivá-lo a trabalhar o problema”, diz Neem. “Há muita pornografia e religião online, mas as pessoas ainda têm relações e se casam, assim como vão para a igreja e falam com um ministro”.
Mas Anya Karmenetz, cujo livro ‘DIY U: Edupunks, Edupreneurs and the Coming Transformation of Higher Education’, lançado no ano passado, acompanha a nova onda de esforços baseado na educação online, diz que novas instituições vão apenas continuar a melhorar e a expandir. “Para algumas pessoas isso significará ir de uma boa educação para uma ótima”, ela disse. “Para outros, isso significará ter algum nível de educação ao invés de nada”.
O cardápio emergente de novas ofertas é surpreendentemente variado, como são as instituições. A startup sem autorização e sem fins lucrativos University of the People dá a falantes de língua inglesa que terminaram o ensino médio uma chance de estudar negócios ou computação grátis, com professores voluntários.
Há também crescentes joint-ventures entre os campi tradicionais e entidades online, como a Ivy Bridge College – colaboração entre a Universidade de Tiffin, escola sem fins lucrativos em Ohio, e a empresa comercial Altus Education, que oferece diplomas em dois anos transferíveis para dúzias de universidades parceiras com cursos de quatro anos. E há grupos comunitários sem fins lucrativos como o Peer 2 Peer University, no qual pessoas criam grupos de estudo sobre tópicos tão diversos como JavaScript e arte barroca.
Uma maneira de acelerar o ritmo Burck Smith, que inicialmente começou com uma empresa online de aulas de reforço, fundou a Straighterline em 2008 para desafiar os altos custos universitários.
“Nós chegamos até aqui por nos perguntarmos por que a educação superior ainda custa tanto, apesar de o online ser tão mais barato”, diz.
“Licenciamos da McGraw-Hill nosso material de aula e as apresentações, que é a mesma coisa que centenas de universidades utilizam”.
A Straighterline é uma empresa, não uma escola, oferecendo por uma fração do preço uma grande gama de cursos que incluem introdução à matemática, negócios, ciências e aulas de redação, encontradas na maioria das faculdades comunitárias e universidades.
O preço do registro mensal é de US$ 99, mais US$ 39 por aula – ou um completo “primeiro ano universitário” por US$ 999. Partindo do princípio que muitos estudantes entram na faculdade, mas rapidamente largam – especialmente em faculdades comunitárias e escolas comerciais _, Smith diz que seu enfoque oferece uma maneira de experimentar o trabalho universitário sem um grande investimento.
Para Yoder, programador de computadores da Flórida, a capacidade de trabalhar em seu próprio ritmo foi um grande atrativo. “Eu posso literalmente sentar em um quarto por dez horas diárias e trabalhar múltiplos capítulos, trabalhar um livro de faculdade inteiro em um fim de semana”, diz. “Estar em uma aula, em um grupo, significa que você pode ir apenas tão rápido quanto a pessoa mais lenta. Então para mim, a Straighterline era um ótimo caminho a seguir”.
Como muitos estudantes, Yoder combinou seus créditos da Straighterline com outros – em seu caso, um programa de exame de nível do College Board, um certificado da Microsoft que ele ganhou pelo seu trabalho e um curso anterior na Universidade do Sul da Flórida – para ganhar seu diploma.
Recebendo créditos pela experiência de trabalho Iniciado em janeiro, o Learning Counts é um projeto do Conselho para Adultos e Aprendizagem por Experiência, do Conselho Americano de Educação e do College Board, no qual estudantes tomam aulas online que os ensinam a preparar um portfólio que mostra o que eles aprenderam do trabalho e de sua experiência de vida. Os portfólios – um para cada área na qual estão em busca de crédito – são então submetidos a um avaliador externo, que decide se eles deveriam ganhar os créditos acadêmicos.
Até agora, aproximadamente 80 faculdades, incluindo a Faculdade Comunitária de Cuyahoga, em Cleveland, e a Universidade do Norte do Arizona, em Flagstaff, concordaram em aceitar essas recomendações de créditos e de dar aos alunos três créditos pela aula de criação de portfólios.
Kim Bove, de 39 anos, estudante da Universidade Widener, perto de Filadélfia, com três filhos, um trabalho de período integral e quase duas décadas de experiência no trabalho, conseguiu 12 créditos em quase seis semanas de aulas com o Learning Counts.
Bove começou um curso superior na Pennsylvania State, transferiu para Widener em seu primeiro ano e largou. No ano passado, ela volta a Widener para completar seu diploma de graduação, que ela espera que lhe ajude a encontrar melhores empregos – e, segundo ela, a torne um melhor modelo para seus filhos.
“Eu fiz uma aula sobre supervisão, algo que eu faço há 16 anos, e senti como se pudesse dar a aula”, disse Bove, que trabalha em uma empresa farmacêutica. “Eu fiz a aula de portfólio, que me ensinou a refletir sobre o que eu aprenderia da minha experiência e juntei um documento de 40 páginas que submeti a um avaliador. Agora poderei ter o meu diploma no ano que vem”.
A documentação de Bove inclui uma narrativa descrevendo como, em seus trabalhos de administração em clubes de campo, ela usou as mesmas técnicas que seriam ensinadas em cursos de planejamento eficaz e organização, supervisionando equipes de trabalho e com uma liderança efetiva. Ela incluiu fotos das unidades e recomendações de seus empregadores.
Bove pagou US$ 500 pelo curso e US$ 250 pela avaliação do portfólio.
“Eu quero que meus filhos façam faculdade pelo meio tradicional, porque eu ainda acho que todos os jovens deveriam ter isso, aprender a aprender e ter todo o aspecto social de viver por conta própria”, ela diz. “Mas para mim, foi uma ótima opção”.
Fonte: The New York Times

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